Uma investigação da Polícia Civil realizada na Prefeitura de Cascavel na última quinta-feira (2) expôs mais um racha familiar na política cearense.
Após o cumprimento de mandados de busca e apreensão por suspeita de corrupção, lavagem de dinheiro e fraude licitatória, o ex-prefeito Tino Ribeiro, pai do atual prefeito da cidade, Tiago Lutiani (PT), foi às redes socais para "lamentar" o ocorrido.
"A população de Cascavel amanheceu o dia hoje assustada, sem acreditar no que via: uma operação policial autorizada pela Justiça apurando irregularidades na Prefeitura Municipal de Cascavel. Eu, como pai, só tenho a lamentar. Lamentar pelo fato de meu filho não ter me ouvido, pelo contrário, ouviu a quem não devia", disse o ex-gestor por meio do Instagram.
Procurada, a defesa do prefeito de Cascavel informou que "só irá se pronunciar quando lhe for conferido o pleno acesso ao processo", mas adiantou que, possivelmente, "os fatos decorrem de uma discussão familiar".
"Possivelmente os fatos decorrem de uma discussão familiar, havendo um grande ruído de comunicação e equívocos de interpretação, lamentavelmente muito comuns em anos eleitorais quando acusações infundadas visam prejudicar a imagem de pessoas públicas", informou a defesa de Tiago Lutiani.
RACHA POLÍTICO E FAMILIAR
O vídeo com a fala de Tino Ribeiro sobre o atual prefeito tem como pano de fundo uma briga familiar que vem se intensificando desde o início do ano, culminando em um racha. Atualmente, pai e filho estão em lados políticos opostos na cidade.
Em janeiro deste ano, o atual prefeito exonerou o pai do comando da Secretaria de Obras Públicas da cidade. Na ocasião, o ex-gestor expôs que o relacionamento entre ele e o filho estava estremecido.
![Cascavel](https://diariodonordeste.verdesmares.com.br/image/contentid/policy:1.3508276:1714780369/Tiago-Ribeiro.jpg?f=default&$p$f=527d7a5)
No mês seguinte, a deputada estadual Luana Régia (Cidadania), esposa do atual prefeito e nora de Tino Ribeiro, conseguiu uma medida protetiva contra o sogro por ameaça. Sem citá-la, Tino afirmou, no vídeo publicado nesta semana, que a pessoa que aconselhou Tiago "de forma errada" é a mesma que o "ameaçou" e "pediu uma medida protetiva" contra o ex-prefeito.
A reportagem tentou entrar em contato com a deputada Luana Régia, mas ela não respondeu até a publicação deste material. O racha fez com que Tiago e Luana deixassem de utilizar o sobrenome Ribeiro, com o qual foram eleitos, nas redes sociais.
Em meio aos desgastes com o filho, Tino anunciou apoio à pré-candidatura da vice-prefeita de Cascavel, Paulinha Dantas (Podemos). A vice e o atual prefeito romperam politicamente neste ano e devem estar em lados opostos na eleição de outubro pelo comando da cidade.
Ele deve indicar um sucessor, enquanto ela já se coloca como pré-candidata de oposição. Por meio das redes sociais, Paulinha vem fazendo críticas à administração de Tiago.
CRISE COM A CÂMARA
Além disso, Tiago vem enfrentando crises também com a Câmara Municipal. Em janeiro, o prefeito informou que não teria como pagar despesas básicas da cidade porque o Legislativo Municipal havia saído de recesso antes da aprovação da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) e da Lei Orçamentária Anual (LOA) de 2024.
"É um ineditismo, é uma situação que nunca vi, de nem se quer a LDO ser aprovada. O município não tem como aprovar despesa nenhuma. Estamos impedidos de pagar energia, transporte, medicamento. Eu não tenho como pagar despesa nenhuma", revelou em entrevista ao Diário do Nordeste à época.
"A LDO de 2024 e a LOA foram desaprovadas, respectivamente, em junho e outubro de 2023 por uma série de inconstitucionalidades e impedimentos legais. O prefeito de Cascavel teve tempo suficiente para elaborar e encaminhar ao legislativo nova proposta que se adequasse às leis. Porém, só enviou os novos projetos dia 22 de dezembro, momento em que o Legislativo já encontrava-se de recesso", disse a parlamentar, em nota.
Ainda em janeiro, uma sessão extraordinária foi marcada pela Câmara para votar as matérias.
OUTROS RACHAS
O caso de Cascavel, todavia, não é único racha familiar na política cearense. Em Massapê, por exemplo, a prefeita Aline Albuquerque deixou o PP pelo Republicanos após meses de crise envolvendo o seu irmão, o deputado federal AJ Albuquerque, e o vice-prefeito Luiz Carlos Frota. A filiação na nova legenda ocorreu durante o período da janela partidária, em abril deste ano.
Depois do desgaste, prefeito e vice devem se enfrentar nas urnas em outubro, com irmãos em lados adversários. Em abril, o Diário do Nordeste procurou o secretário das Cidades do Governo do Ceará, Zezinho Albuquerque (PP), pai de Aline e AJ, mas ele não se pronunciou sobre o assunto.
O deputado federal também foi procurado, mas não respondeu.
Em Pacatuba, na Região Metropolitana de Fortaleza (RMF), o racha foi entre tio e sobrinho, ambos eleitos prefeito e vice no município em 2020 pelo MDB. Os postos ocupados pelos dois mudaram no fim do ano passado, com o então vice-prefeito Rafael Marques assumindo o comando do município após afastamento de Carlomano Marques, à época chefe do Poder Executivo pacatubano, durante operação do Ministério Público que investiga fraudes em licitações.
"Pela lealdade que tenho ao povo, em especial ao pacatubano, informo que esta decisão foi tomada porque quiseram fazer comigo o que a 'Erika fez com o Tio Paulo'", disse o emedebista em postagem no Instagram, dando fim à parceria de chapa.
À época, a reportagem procurou a assessoria de imprensa do prefeito Rafael Marques para comentar o assunto, mas não obteve retorno.
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