Nos primeiros anos da ditadura militar, quando militava no movimento estudantil, José Dirceu era conhecido como Daniel.
Quando voltou ao Brasil clandestinamente, na década seguinte, ele adotou o nome de Carlos Henrique. Agora, o petista pode ser o “Juca” citado no plano em que militares pretendiam eliminar quatro alvos de relevo, incluindo o presidente Lula, o vice Geraldo Alckmin e o ministro Alexandre de Moraes, do STF.
Lula e Alckmin, como se sabe, eram identificados no plano como Jeca e Joca, respectivamente. Além deles, descobriu a PF, o grupo de militares falava em matar “Juca”, qualificado no plano como uma “iminência parda do 01 (Lula) e das lideranças do futuro gov (governo)”. “Sua neutralização”, diziam os militares, “desarticularia os planos da ‘esquerda mais radical’”.
A Polícia Federal não identificou quem seria Juca, mas alguns personagens ligados ao atual governo se destacam como vítimas potenciais do grupo – Dirceu é o principal deles, mas há quem avente, inclusive na PF, que poderia ser também o atual ministro do STF Flávio Dino, que era ministro da Justiça antes de assumir uma cadeira na corte por indicação de Lula.
Pesa a favor da tese de que Dirceu é o Juca uma citação ao ex-ministro no relatório da Polícia Federal. Nas conversas, o tenente-coronel Guilherme Marques Almeida, um dos investigados, conversa com outro militar, identificado como coronel Dougmar Nascimento das Mercês, sobre a notícia de uma viagem de férias do petista a Cuba em dezembro de 2022.
Marques de Almeida posta um link da notícia e comenta: “Ele deve estar querendo ficar de fora desse período. Se der m., ele já está em asilo”. Mercês supõe em sua resposta que Dirceu pretendia usar a viagem para reagir ao possível levante militar: “Vdd (verdade). Vai articular lá de fora a reação.”
Dirceu foi presidente nacional do PT por sete anos, até a primeira vitória de Lula na disputa presidencial, e foi nomeado em seguida seu ministro-chefe da Casa Civil. O petista perdeu o cargo depois de ser denunciado no escândalo do mensalão, que o levou à prisão.
Ele, no entanto, jamais perdeu sua influência dentro do partido. Recentemente, por decisão do STF, Dirceu se livrou das penas a que havia sido sentenciado em decorrência da Operação Lava Jato.
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